Nessa
semana discutimos dois filmes em duas cadeiras na faculdade
("Escritores da liberdade" e "O clube do imperador"), a ideia era
discutir questões acerca da escolha de ser professor@ e suas implicações
éticas e pessoais. No primeiro a protagonista é uma mulher jovem
(interpretada por Hilary Swank) que se torna professora de uma turma
marginalizada e que dá sua vida acreditando na educação daqueles jovens.
No segundo o protagonista é um respeitado professor de uma antiga e
imponente escola para meninos (interpretado por Kevin Kline) que
acredita em determinado estudante - filho de um senador americano -
considerado problemático, o que se revela perda de tempo, já que o jovem
insiste em "colar".
No
entanto o que chamou a atenção nos debates após o filme não foram os
comentários acerca da ética ou das situações vividas por aqueles
personagens enquanto professores/educadores/docentes. Passamos toda a
discussão do primeiro filme falando sobre como a professora "largou" sua
vida pessoal em detrimento ao trabalho e assim "perdeu" seu marido, já
que ela havia encontrado realização profissional na carreira docente,
coisa que ele (o marido) não havia encontrado e não conseguia aceitar
nela. A culpa era de quem? Da professora, óbvio. Quem mandou se dedicar,
e mais do que isso: gostar tanto do trabalho enquanto o marido não
conseguia fazer o mesmo? Claro que a culpa das frustrações profissionais
dele era dela! (alerta de ironia, ok?!) Ninguém pareceu reparar no
sucesso que ela teve ajudando aqueles jovens, e que isso também fazia
ela feliz. Como se o fato de não ter marido ao final do filme fizesse
com que ela fosse infeliz, o que não era verdade. O marido dá opção
pedindo que ela escolha entre ele e a profissão: se isso não é um
relacionamento abusivo, então o que é?
No
segundo filme, com o protagonista sendo homem, a situação foi
contrária. O professor era bem sucedido na sua carreira e ninguém ousou
comentar o fato de que até certa parte do filme ele sequer tinha uma
esposa, e que quando enfim se casa os seus problemas profissionais o
isolam totalmente dela, e isso em momento nenhum foi visto como um
problema. Se, hipoteticamente falando, ela tivesse tido a mesma reação
do (ex) marido da professora do outro filme certamente seria considerada
“a louca que quer atrapalhar a carreira do marido e não entende o
excelente profissional que ele é”.
Hoje
vimos a capa da revista “Isto é” falando do “nervosismo” da presidenta
Dilma, colocando a mesma no papel de louca e descontrolada,
psicologicamente desequilibrada. Há alguns anos a mesma revista trouxe a
capa Dunga, na época treinador da seleção, exaltando os “pontos
positivos” dos seus surtos nervosos.
Enfim.
Vira e mexe me perguntam “por que ser feminista”. Por um motivo muito
simples: me cansa ver esses “dois pesos e duas medidas” quando se trata
de avaliações de homens e mulheres. Citei apenas dois exemplos que
aconteceram em um período de dois dias. A misoginia está matando
mulheres todos os dias, e como futura educadora não posso aceitar que
continuemos perpetuando tais preconceitos.
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